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Soteropolitana e turismóloga. Escrevo sobre viagens da forma que considero justa, sem maquiagem, e acredito nas palavras que caracterizam o turismo como um "instrumento de paz, bem-estar e entendimento entre os povos".

segunda-feira, 21 de março de 2011

Costiera Amalfitana


O caminho para chegar lá é uma loucura! As curvas são sinuosas, a estrada é estreitíssima e muitas pessoas estacionam em vias de mão dupla onde mal cabe um carro. Por mais difícil que seja estacionar na região, é fato que os italianos gostam de bancar os espertinhos no trânsito. Em relação a isso, os brasileiros não tem problema de adaptação. Os soteropolitanos então...

Estamos falando da Costa Amalfitana, no sul da Itália: terreno acidentado, recortado pelo mar, de paisagens esplêndidas! A geografia da região lembra Cinque Terre, porém com montanhas mais altas, cidades maiores e casas em tonalidades mais claras, com predomínio do branco.

O lugar ideal para ficar é Positano, com suas casinhas incrustadas na montanha e vista espetacular. Positano é charmosa e romântica em cada detalhe, seja nas flores, na arquitetura, na natureza em torno ou na iluminação à noite.

A maioria dos restaurantes utiliza luz de velas. O restaurante "Il Capitano", do Albergo Montemare (hotel 3 estrelas com localização perfeita), une a melhor vista com a melhor comida e melhor música ao vivo no jantar, proporcionada por uma dupla que, com bandolim e violão, toca belos clássicos italianos e outros. O o talharim com camarão ao molho de frutas cítricas é minha sugestão. Na Costa Amalfitana, a cozinha mediterrânea ganha toques de limão, pois este é o produto mais cultivado na região.

Para conhecer bem Positano, ande por toda a Via Pasitea para contemplar os diversos ângulos da cidadezinha. Desça até o centro se estiver atrás de compras, movimento e praia. O banho é bom, apesar das pedrinhas que incomodam; mas, assim como em Cinque Terre, a praia não se compara às nossas. Já para compras, Positano é a perdição feminina. As roupas são singulares. Para quem gosta do limão, a partir dele é feito o famoso licor limoncello e também perfumes, velas, sabonetes etc.

Mas nem tudo são flores. Andar de carro na Costa Amalfitana é complicado. Ônibus grandes transitam pela estrada estreita e estão sempre causando transtornos. Além disso, é muito difícil conseguir estacionar, como já foi dito, então reserve um hotel com estacionamento, ou dependerá dos estacionamentos pagos, que podem estar longe da sua hospedagem. Estar sem carro não é um problema, pois os ônibus transitam na via principal de cada cidade e realizam o transporte entre elas. Táxis, por outro lado, são absurdamente caros.

Próximo a Positano não faltam lugares para conhecer. Uma ótima opção é fazer um passeio de lancha passando por Praiano, Conca dei Marini, Furore e Amalfi. Em Conca dei Marini, vale a pena parar para conhecer a Grotta dello Smeraldo (Gruta da Esmeralda).

Ravello merece atenção especial e não pode ser explorada em menos de uma tarde. É a mais alta e uma das mais tranquilas cidadezinhas da Costa Amalfitana. Só se chega ali por terra. Seus dois parques devem ser visitados: Villa Rufolo e Villa Cimbrone.

O primeiro deles, ornamentado com muitas flores e com uma bela vista para o mar e as montanhas, é palco de concertos durante o verão. As arquibancadas são montadas de frente para o mar, e artistas famosos participam do Festival de Ravello.

Na Villa Cimbrone, o cenário natural é visto ainda mais do alto, do mirante chamado Vista dell'Infinito (Vista do Infinito) – realmente, um infinito de beleza e de paz.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cinco Terras encantadas



Pense nas casinhas coloridas do Pelourinho amontoadas em um morro sobre o mar. Ou numa favelinha bem cuidada e colorida a beira-mar. Essa comparação um tanto rústica é mais ou menos a ideia que se tem da paisagem da linda região de Cinque Terre (Cinco Terras), no norte da Itália. As Cinque Terre são cinco povoados pequeníssimos no litoral da Liguria: Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare.

O transporte entre eles é realizado por meio de trens com horários frequentes, mas a melhor opção é visitá-los a pé, tomando as trilhas que os conectam. A mais fácil e rápida é a Via dell'Amore, lindo caminho construído sobre os rochedos que liga, em aproximadamente 20 minutos, Riomaggiore a Manarola. Os outros povoados são ligados pelo Sentiero Azzuro (Trilha Azul).

Manarola, a mais romântica das Cinque Terre (e minha favorita), é cercada de terraços com vinhedos. É possível caminhar pela trilha entre eles para observar o povoado do alto. O ângulo mais bonito para apreciar Manarola, entretanto, é do caminho que contorna o mar (que vai dar no Sentiero Azzuro). Dali se tiram as fotos de cartão-postal do vilarejo. O local também é perfeito para um belo pôr-do-sol e uma noite de lua cheia.

Passear pelo caminho que contorna o mar em Riomaggiore também rende belas vistas. Esta vila é maior e mais movimentada que Manarola. Caminhar por suas ruelas estreitas vale a pena, mas prepare-se para as subidas e escadarias. Conheça a praça da igrejinha e o pequeno castelo. Descer as escadas do lado oposto até chegar ao caminho que dá para o mar é uma aventura interessante para entender a estrutura dos povoados de Cinque Terre.

Vernazza é mais bonita vista do alto, do início da trilha que vai até Monterosso, ou sob os ângulos do Castelo Doria. Esta vila é mais agitada que as outras duas, pois possui uma minúscula faixa de areia cinza que faz a alegria dos turistas que – ao contrário de nós, baianos - não estão acostumados com belas praias. Quem procura vida noturna pode se hospedar ali. Não deixe de comer no restaurante Belforte, no alto, com vistas incríveis para o mar e os rochedos (em alta temporada, não se esqueça de fazer reserva).

Corniglia e Monterosso al Mare são, a meu ver, as menos interessantes das Cinque Terre. Em Corniglia, não vi nada especial e, para acessá-la, é preciso subir uma escadaria gigante por aproximadamente 20 minutos (a outra opção é pegar o ônibus, mas ele não circula com frequência).

Monterosso difere do padrão dos outros vilarejos, por ser mais plano. A atração local é a praia ampla. Por essa razão, esta é a vila mais badalada das Cinque Terre. Monterosso não deixa de ser bonita e o banho é uma delícia, mas não tem nada de extraordinário. No entanto, aconselho a visita a este povoado, porque, depois de um tempo fazendo trilha debaixo de sol, com vontade de se atirar naquele mar maravilhoso, você se alegrará ao ver finalmente uma praia de verdade.

Cinque Terre é o tipo de lugar para ser contemplado. Quem vai até lá deve entender que seu valor não está nas praias, mas nas paisagens, na estrutura e naquela arquitetura confusa e encantadora que só a Itália tem.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Monteriggioni - Festa Medievale




O pacato vilarejo de Monteriggioni, a apenas 25 minutos de Siena, se transforma completamente durante os dois primeiros finais de semana de julho. Nesse período, acontece ali uma incrível festa medieval, intitulada "Monteriggioni di Torri si Corona".

O cenário é perfeito: o povoado, pequeníssimo, é um antigo burgo medieval muito charmoso, cercado por muros, como um castelo. É possível caminhar sobre alguns trechos dos muros e visitar o Museo dell'Armatura, que conta um pouco da história do vilarejo e diverte os turistas com as armaduras que podem ser experimentadas. Em Monteriggioni, não é preciso nenhum esforço para fazer com que o visitante se sinta na Idade Média.

A festa é um espetáculo! Começa ao cair da tarde e termina à meia-noite. O objetivo é fazer com que todos se adequem à proposta medieval, portanto o visitante deve trocar euros pela moeda antiga local, o "Grosso" (simbólica, usada somente durante a festa). As áreas verdes se transformam em "restaurantes" à la Idade Média, com grandes mesas e iluminação com velas, e é inevitável usar as mãos e dentes para cortar as carnes do churrasco - uma aventura e tanto! Para beber, sangria, vinho, dentre outras bebidas servidas em canecas de cerâmica. Pelas ruas, as barracas vendem desde produtos típicos - como licores e quitutes - a instrumentos musicais antigos. O belo artesanato de Monteriggioni encanta os turistas.

A programação da festa é variada. Os habitantes de Monteriggioni e dos arredores, com suas vestes de época, dançam e realizam coreografias com bandeiras, duelos e lutas entre cavaleiros. Alguns personagens "assustadores" divertem os transeuntes na chamada Via dell'Inferno, enquanto a banda local passeia pelo povoado tocando música folclórica (com flautas, tambores, antigas gaitas de foles e oboés). Além disso, é possível participar de jogos, assistir a uma encenação e a artistas que realizam números com fogo. Um belo show pirotécnico encerra a festa com chave de ouro.

Esta jóia é apreciada, principalmente, por italianos que moram na região. Devido à falta de opção de horários de transporte (e ausência de táxis), não é uma festa repleta de estrangeiros e nem é um evento de turismo de massa (ainda bem!). Se você estiver na região no período desses dois fins de semana, não deixe de passar uma noite imperdível nesse lugarzinho escondido na Toscana.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Toscana e Úmbria


Viajar pelo interior da Toscana é encantar-se a cada minuto. Os vinhedos, os girassóis do verão e as pequenas cidades e povoados medievais toscanos são o retrato da beleza e tranquilidade.  


San Gimignano é graciosíssima! Seu cartão postal são as torres construídas por famílias ricas, a fim de exibir seu poder e influência. É possível subir em uma delas, a Torre Grossa, para apreciar a vista do povoado e dos vinhedos. Visite a Piazza del Duomo e a Piazza della Cisterna. A Gelateria di Piazza, sorveteria que já recebeu prêmios mundiais, é parada obrigatória.

A lindíssima Volterra é um dos mais belos lugares da Toscana. A pequenina é um lugar de fábulas. Não é à toa que foi escolhida por Stephenie Meyer, autora da famosa saga "Crepúsculo", como um dos cenários de seu livro "Lua Nova". Passeie pelas ruas agradáveis de Volterra, aprecie a "fortezza" e a Piazza dei Priori. Não aguenta o calor do verão toscano? A gelateria Chic & Shock ameniza o problema, com sorvetes tão bons quanto os de San Gimignano.

Em Lucca, a caminhada de 4 km sobre as muralhas é muito agradável. Outra opção é alugar uma bicicleta. A bela catedral (San Martino) vale a visita, além da Piazza Anfiteatro e da Piazza Napoleone. Para quem tem interesse no assunto, o Museo Paolo Cresci conta a história da emigração italiana e exibe documentos e fotos muito interessantes.

Outros lugares a serem visitados na Toscana são Viareggio (próxima a Lucca) e suas belas construções, Pienza e seu delicioso queijo pecorino e Monteriggioni, vilarejo muito pitoresco perto de Siena.

A charmosa e pacata Assisi, na região da Úmbria, é terra natal de São Francisco. Oferece, como principais atrativos, a Basilica di San Francesco e o castelo, onde há um museu e um mirante, do qual se pode ver toda Assisi. A mesma dica de sempre vale também para esta pérola: desvendar as ruas da cidade. Uma característica positiva de Assisi é que a religiosidade ali ainda não foi explorada através do turismo: a entrada é livre em todas as igrejas e o silêncio é respeitado. Assisi não virou comercial como tantos outros lugares de turismo religioso.

Para comer, não faltam opções de bares e restaurantes na Piazza del Comune, mas fique atento: após as 22h torna-se difícil encontrar um lugar aberto. Assisi à noite é um paradeiro!

Tanto Assisi quanto Volterra e Monteriggioni apresentam anualmente suas festas medievais. Esse incrível tipo de manifestação nos faz entrar em harmonia com o estilo arquitetônico e a história dessas cidades. Conhecer Assisi e a Toscana é como voltar no tempo e sentir-se em outro mundo, fascinante e inspirador.

domingo, 12 de setembro de 2010

Arriva il Palio!


Os cavalos fazem parte da lenda da fundação de Siena e da origem de sua bandeira. São animais amados pelo povo senese. Um senese jamais comeria carne de cavalo, e é proibido seu uso como animal de carga – apenas em práticas esportivas. São eles os protagonistas da maior festa da cidade - e uma das mais importantes de toda a Itália - o Palio. Essa famosa corrida de cavalos de Siena remonta ao século XVI, porém, somente no século XVIII, passou a ser organizada da forma como se conhece hoje. Nesta competição, disputam 10 das 17 contradas da cidade. Destas 10, 7 são as que não disputaram no ano anterior. As outras 3 são sorteadas.

O Palio ocorre duas vezes ao ano: 2 de julho e 16 de agosto. O primeiro é dedicado a Santa Maria di Provenzano. O segundo, a Santa Maria Assunta. Antigamente, a corrida se realizava nas ruas do centro histórico. Hoje, o cenário é a Piazza del Campo. A corrida acontece ao redor da piazza e pode ser assistida das arquibancadas (que custam em torno de 200 euros por pessoa) ou do meio da praça, grátis. São 4 dias de festa. O primeiro evento é o sorteio dos cavalos na Piazza del Campo. Os proprietários dos cavalos que correm durante o Palio não são pagos por isto: para eles, é uma honra que seus cavalos possam participar do Palio. Nos dias que antecedem a corrida, ocorrem 5 provas na praça, e a mais bonita é a Prova Generale, que acontece na véspera do grande dia. Após esta prova, cada contrada realiza um jantar especial (evento de difícil acesso a turistas). No dia do Palio, cada cavalo recebe a benção na igreja da sua contrada. Mais tarde, ocorre o cortejo histórico e, finalmente, a corrida. Vale a pena assistir a alguma das provas para compreender como funciona o Palio, especialmente quando se decide vê-lo do meio da praça – no dia da corrida, a multidão na piazza pode impedir que se tenha uma boa visão do evento.

O cortejo histórico é tão emocionante quanto a corrida. É um belíssimo espetáculo em que centenas de pessoas de todas as contradas (mesmo as que não participam do Palio naquele ano), fantasiadas em estilo medieval, desfilam pela Piazza del Campo, com seus tambores e cantos. As fantasias são deslumbrantes, muito bem elaboradas e confeccionadas a cada, em média, 25 anos. A melodia do Palio é a mesma para todas as contradas, apenas a letra é adaptada.

Os cavalos dão três voltas na praça e a corrida não leva mais de 2 minutos. A contradição do Palio é que os "fantini" - como são chamados os jóqueis - não são de Siena. A maioria é da Sardegna, pois os sardi são normalmente pequenos e, portanto, leves e adequados para correr o Palio. Eles são contratados pelas contradas e, por serem de fora, são facilmente corruptíveis. Acontece frequentemente de uma contrada pagar uma boa quantia aos fantini para que eles não vençam a corrida. É um paradoxo que o fantino seja alheio a toda a emoção do Palio e à paixão dos sieneses. É interessante observar também que o cavalo é o herói do evento - se o fantino cair do cavalo, o animal, ainda assim, poderá vencer a corrida.

Após o resultado, a contrada vencedora faz o agradecimento na igreja à qual é dedicado o Palio, desfila pelo centro histórico e festeja por toda a noite no seu bairro. Excepcionalmente nessa ocasião, o museu da contrada é aberto e a entrada é livre. Mas a festa não acaba aí: a contrada que vence festeja o ano inteiro, até a chegada do Palio do ano seguinte.

A paixão dos sieneses por suas contradas é contagiante e faz com que se mantenham vivas as tradições do passado. As festas de contrada, o Palio, as canções, nada é espetáculo para turistas. Os sieneses não ganham dinheiro com o Palio, pelo contrário, eles gastam – e muito! O único auxílio da prefeitura é referente à montagem da estrutura da praça. Tudo é bancado pelos contradaioli: os jantares, as festas, o pagamento do fantino e o veterinário que, durante os dias que antecedem o Palio, acompanha o cavalo (cada contrada contrata um veterinário disponível 24 horas durante 4 dias). Certamente, os turistas que vem ao Palio trazem dinheiro a Siena, mas não é este o objetivo do evento. Nós, turistas, somos meros figurantes. Esta é a festa deles.

Le contrade di Siena


Os bairros tradicionais da cidade de Siena são chamados contradas. Mas a palavra "bairro" não define em sua totalidade o significado de uma contrada. Ela é mais que isso: é uma identidade. Pertencer a uma contrada para os sieneses é como pertencer a um time de futebol para os brasileiros – ou melhor, é como torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. Diferente de um esporte, em que cada um escolhe seu time, é o nascimento que define a contrada dos sieneses. Se a pessoa nasce em determinada contrada, ela pertencerá a vida inteira àquela contrada, independente da contrada de seus pais ou seus irmãos. Os sieneses costumam ter duas famílias: aquela de sangue e os amigos da contrada. A contrada é uma comunidade onde todos se cuidam, se ajudam e se respeitam. Desde pequenos, eles aprendem a valorizá-la e amá-la, e ajudam nas tarefas da contrada. Cada contrada é como uma instituição: tem a sua bandeira, sua própria igreja, seu museu e uma certa independência.

As contradas disputam anualmente o Palio (corrida de cavalos que acontece em Siena) e, semanas antes do evento, seus integrantes desfilam pelas ruas de Siena em clima de festa, com suas belas vestes peculiares. Nesses domingos, acontecem os "batizados de contrada", que não tem relação alguma com um batizado religioso: são a confirmação de que a criança pertence a determinada contrada. Os pais, orgulhosos, desfilam com seus bebês nos carrinhos, atrás da banda e dos rapazes que tocam tambores e carregam a bandeira da contrada. Junto aos pais e às crianças, caminham os outros "contradaioli" (pessoas que pertencem àquela contrada). Todos amam a contrada (crianças, adolescentes, adultos e idosos) e cantam juntos sua canção.

Durante a semana do Palio, muitas famílias se separam para ajudar com as atividades de suas próprias contradas e - "dizem as más línguas" - acontece frequentemente de casais "pularem a cerca" nessa época do ano. Mas as atividades de contrada também trazem bons frutos: são uma ótima oportunidade de trabalho para os idosos e os aposentados, pois trabalho é o que não falta em uma contrada, durante o ano inteiro. Como os mais jovens nem sempre estão disponíveis, por conta de suas profissões, os mais velhos são sempre ativos na contrada. Talvez por isso os "velhinhos" de Siena sejam tão amorosos e pareçam tão felizes.

Siena, no passado, chegou a possuir 42 contradas. Hoje, restam apenas 17, quase todas com nomes de animais: Aquila (águia), Chiocciola (caracol), Pantera, Tartuca (tartaruga), Civetta (coruja), Leocorno (unicórnio), Giraffa, Istrice (porco-espinho), Drago (dragão), Lupa (loba), Oca (ganso), Bruco (lagarta), Montone (carneiro), Nicchio (concha de molusco), Torre, Selva e Onda.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bella Siena


Passear em Siena é sentir-se em um filme de época. A cidadezinha de (cerca) 55 mil habitantes é constituída de ladeiras íngremes, ruas estreitas, piso de pedra e construções antigas, que preservam o marrom dos tijolos. Os sieneses amam Siena e cuidam de sua cidade da melhor forma possível.

O coração da cidade é a Piazza del Campo. Esta praça em formato de semi-círculo abriga o belo Palazzo Pubblico (onde está o Museo Civico), com sua Torre del Mangia. Vale a pena subir na torre para ter uma linda visão de toda a cidade. Também vale a visita à Piazza del Duomo, onde se pode comprar um bilhete para conhecer esta catedral, sua cripta, o Museo dell'Opera del Duomo e Santa Maria della Scala. Do terraço do Museo dell'Opera del Duomo é possível ver um belo panorama da cidade, não tão alto quanto o da Torre del Mangia, porém. O bilhete combinado inclui também o pequeno Museo Diocesano, no Oratorio di San Bernardino, na tranquila Piazza di San Francesco, onde está a igreja de mesmo nome.

A Fortezza é outro ponto interessante para se visitar. O forte possui lindas flores, uma bela vista e uma enoteca. É também o lugar escolhido pelos sieneses para se exercitarem, por ser fresco, ao abrigo da sombra das árvores. Durante o verão, ocorrem sessões de cinema ao ar livre na Fortezza. Não há nada mais agradável que assistir a um filme e, ao mesmo tempo, ter a possibilidade de ver estrelas cadentes.

O restaurante La Taverna di San Giuseppe não pode faltar em sua lista. O atendimento é de primeira e a comida, deliciosa! O prato de gnocchetti com ricota, queijo pecorino e espinafre me fez sentir como Liz Gilbert, em seu livro "Comer, Rezar e Amar", ao comer uma pizza transcendental em Napoli. O restaurante Le Logge também é muito bom, porém menos em conta, e a qualidade é a mesma. Em ambos, é aconselhável fazer reserva. O bar Il Pulcino é outra boa pedida: serve massas muito boas a "preço de banana". O queijo pecorino com mel também é de qualidade. Outra opção econômica é a Tratoria Fonte Giusta – os secondi piatti (pratos de carne) são bons e baratos.

A noite de Siena pode ser desfrutada em alguns pubs, como o Bella Vista Social Pub, cujo barman "Totò" é bastante receptivo. O ambiente possui uma decoração singular e os clientes podem deixar mensagens nas paredes. Mas a maioria dos senesi gosta mesmo é da Piazza del Campo, com seus bares e restaurantes (tomar um drink na varanda do pub San Paolo, de frente para o Palazzo Pubblico, é um programa imperdível!) ou preferem, simplesmente, sentar-se no centro da praça na companhia de amigos e de um bom vinho. Tenho de concordar com eles.

Quem vem no verão pode curtir também jantares e festas nas contradas (como são chamados os bairros do centro histórico), sempre ao ar livre, numa atmosfera muito agradável, além de shows de jazz em diversas partes da cidade.

Tão gostoso quanto tudo isso é caminhar sem rumo desvendando os muros e as ruelas de Siena – como o Vicolo delle Carrozze, a Via della Galluzza e a Via di Santa Caterina (cujo nome é referente à santa mais amada de Siena). A beleza da cidade é justamente sua irregularidade e suas vias aconchegantes. Por trás de cada curva, existe uma surpresa.