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Soteropolitana e turismóloga. Escrevo sobre viagens da forma que considero justa, sem maquiagem, e acredito nas palavras que caracterizam o turismo como um "instrumento de paz, bem-estar e entendimento entre os povos".

domingo, 12 de setembro de 2010

Le contrade di Siena


Os bairros tradicionais da cidade de Siena são chamados contradas. Mas a palavra "bairro" não define em sua totalidade o significado de uma contrada. Ela é mais que isso: é uma identidade. Pertencer a uma contrada para os sieneses é como pertencer a um time de futebol para os brasileiros – ou melhor, é como torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. Diferente de um esporte, em que cada um escolhe seu time, é o nascimento que define a contrada dos sieneses. Se a pessoa nasce em determinada contrada, ela pertencerá a vida inteira àquela contrada, independente da contrada de seus pais ou seus irmãos. Os sieneses costumam ter duas famílias: aquela de sangue e os amigos da contrada. A contrada é uma comunidade onde todos se cuidam, se ajudam e se respeitam. Desde pequenos, eles aprendem a valorizá-la e amá-la, e ajudam nas tarefas da contrada. Cada contrada é como uma instituição: tem a sua bandeira, sua própria igreja, seu museu e uma certa independência.

As contradas disputam anualmente o Palio (corrida de cavalos que acontece em Siena) e, semanas antes do evento, seus integrantes desfilam pelas ruas de Siena em clima de festa, com suas belas vestes peculiares. Nesses domingos, acontecem os "batizados de contrada", que não tem relação alguma com um batizado religioso: são a confirmação de que a criança pertence a determinada contrada. Os pais, orgulhosos, desfilam com seus bebês nos carrinhos, atrás da banda e dos rapazes que tocam tambores e carregam a bandeira da contrada. Junto aos pais e às crianças, caminham os outros "contradaioli" (pessoas que pertencem àquela contrada). Todos amam a contrada (crianças, adolescentes, adultos e idosos) e cantam juntos sua canção.

Durante a semana do Palio, muitas famílias se separam para ajudar com as atividades de suas próprias contradas e - "dizem as más línguas" - acontece frequentemente de casais "pularem a cerca" nessa época do ano. Mas as atividades de contrada também trazem bons frutos: são uma ótima oportunidade de trabalho para os idosos e os aposentados, pois trabalho é o que não falta em uma contrada, durante o ano inteiro. Como os mais jovens nem sempre estão disponíveis, por conta de suas profissões, os mais velhos são sempre ativos na contrada. Talvez por isso os "velhinhos" de Siena sejam tão amorosos e pareçam tão felizes.

Siena, no passado, chegou a possuir 42 contradas. Hoje, restam apenas 17, quase todas com nomes de animais: Aquila (águia), Chiocciola (caracol), Pantera, Tartuca (tartaruga), Civetta (coruja), Leocorno (unicórnio), Giraffa, Istrice (porco-espinho), Drago (dragão), Lupa (loba), Oca (ganso), Bruco (lagarta), Montone (carneiro), Nicchio (concha de molusco), Torre, Selva e Onda.

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