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Soteropolitana e turismóloga. Escrevo sobre viagens da forma que considero justa, sem maquiagem, e acredito nas palavras que caracterizam o turismo como um "instrumento de paz, bem-estar e entendimento entre os povos".

sábado, 6 de março de 2010

Carnaval em Rio de Contas - BA

Rio de Contas, cidade mais antiga e também limite sul da Chapada Diamantina, começou a ser construída em 1723, após a descoberta do ouro na região. Seu patrimônio é bem conservado e 287 prédios são tombados pelo IPHAN, dentre eles o Teatro São Carlos - único da chapada. A natureza ao redor permite a realização de belos passeios por cachoeiras, trilhas, picos e comunidades.

Primeira cidade da chapada, Rio de Contas parece ter parado no tempo. Ali o turismo não se desenvolveu como nas cidades de Lençóis, Mucugê e seus arredores. Em Rio de Contas e em seu entorno, é possível bater um bom papo com os moradores e comer pratos deliciosos a preços baixos. Quem faz o passeio do Poço das Andorinhas, por exemplo - e, após passar por vilarejos pitorescos como Casas de Telha e Boa Vista, chega a Arapiranga - pode ter o prazer de almoçar dentro da casa de uma família e conhecer melhor seus hábitos. Ainda não existem a ganância e a indiferença trazidas, muitas vezes, pela atividade turística intensa. Os sorrisos são sinceros, não apenas estimulados por interesses comerciais.

No carnaval, essa tranqüilidade é quebrada, em função da quantidade de pessoas que visitam Rio de Contas. É previsível que, uma vez que o turismo não é tão forte no município, ele tenha um teor amador, e isto se acentua durante o período do carnaval. Faltam guias para acompanhar a demanda e as agências e guias de turismo não cumprem os horários combinados, devido ao grande número de passeios que se comprometem a realizar. Os pontos turísticos de acesso mais fácil, tais como a Cachoeira do Fraga e a Ponte do Coronel, ficam superlotados e repletos de poluição sonora. Ao menos, uma atitude louvável foi tomada: existem fiscais que recolhem o lixo das pessoas e não permitem que elas desçam à cachoeira com garrafas e latas.

A poluição sonora é sentida também dentro da cidade, pois em cada esquina há grupos de jovens e adolescentes, estudantes de cidades próximas, que alugam casas e passam o dia dançando ao som altíssimo dos seus carros ou das caixas de som que instalam sobre a própria calçada. Não há como evitar o barulho, pois eles realmente estão por toda a parte. A quem viaja para Rio de Contas com a intenção de desfrutar o sossego da cidade e os passeios turísticos ao redor, esse feriado não é aconselhável.

A partir da tarde, começa o carnaval rio contense, marcado por festa à fantasia, desfiles e concursos de máscaras e bonecos, baile infantil, desfile de baianas (do qual qualquer turista pode fazer parte) e shows nos dois palcos instalados na praça da matriz. Quem pensa que no carnaval de Rio de Contas só se escutam marchinhas está enganado: a festa é uma mistura de ritmos. No palco principal, a folia ocorre ao som de hits como “Rebolation” e “Lobo Mau (vou te comer)”. Já no palco alternativo, para os saudosistas, várias bandas de qualidade da cidade e da região tocam marchinhas e jovens e adultos vibram, fazem “trenzinho” e brincam ao som de um carnaval já quase esquecido nesse Brasil.

A festa é bonita, as pessoas têm o hábito de se fantasiar e não se vê uma briga. Há muitas famílias com crianças, casais e jovens solteiros. Apesar do tumulto e das dificuldades já mencionadas, vale a pena que cada um confira o carnaval de Rio de Contas e tire suas próprias conclusões.

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